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Mostrando postagens de agosto 16, 2023

Thierry Mugler - Couturissime

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  “I like to say that Thierry Mugler designs are for a better, a happier future” - Thierry Mugler.  Reverenciado internacionalmente por sua estética futurista e pela ousadia no uso de materiais - vidro, PVC, plexiglass, vinil, látex, pele falsa e cromados - desenvolvidos em uma espécie de laboratório-ateliê, Mugler materializou uma moda de pesquisa que fundiu magistralmente o glamour Hollywoodiano, o erotismo, o reino animal e a ficção científica, influenciando toda uma geração de criadores, sobretudo nos anos 1980 e 1990.  Desfilando, a partir dos anos 90, na categoria “Jeunes Créateurs” a convite da Chambre Syndicale de Haute Couture, Mugler participou da revolução estética que consolidou a posição de Paris como capital mundial da moda. Colaborando com grandes personalidades - Helmut Newton, Guy Bourdin, Herb Ritts, David LaChapelle, Pierre et Gilles, entre outros - Mugler foi uma figura polivalente: dançarino, couturier visionário, fotógrafo, diretor artístico e ...

O casal Tarsila e Oswald e a moda

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Oswald e Tarsila, ela veste o traje “Righi”, da maison Paul Poiret. Fonte: Arquivo IEB-USP, Fundo Aracy Abreu Amaral A aparência de Tarsila do Amaral é importante para que se compreenda o seu percurso artístico, e é necessário olhar de perto a relação que ela e Oswald de Andrade, seu companheiro entre 1923 e 29, tiveram com a moda francesa, especialmente a casa de alta-costura Paul Poiret, de que foram clientes assíduos. Os próprios modernistas e, depois, a crítica e a história do modernismo, fixaram a imagem de Tarsila como uma mulher bonita e elegante, participante de uma moda de vanguarda, que se vestia de maneira luxuosa e exuberante. Mas, uma vez que o interesse do casal Tarsiwald por Poiret é bastante citado, é importante situar a posição desse costureiro no quadro da moda feminina no entreguerras, de acordo com a perspectiva da alta-costura. Nos anos 1920, o eixo da inovação se deslocava do ornamento para o corte. A utilização de contrastes de cores, penas e plumas, babados e ...

As garotas de Alceu

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  Alceu Penna é um personagem muito importante para a moda brasileira, sendo um dos protagonistas da Revista Cruzeiro que seria uma revista de variedades, por muito tempo a mais importante do Brasil, sendo a primeira de circulação Nacional devido a ambição de Alceu. Logo, essa revista é a responsável por mostrar a imagem do Brasil aos brasileiros, já que ela era composta de ilustrações, sendo assim bem atrativa. As ilustrações de Garotas usadas em publicidade têm influenciado desde as Gibson girls, os padrões de beleza. Tornando as ilustrações comerciais não somente um exemplo de comportamento e moda, mas uma visão sobre o corpo, justamente influenciando as garotas, que eram o alvo do padrão de beleza feminino.  A chegada de Alceu com sua coluna "seção Garotas'' traz uma conexão direta imagética da revista com o Brasil, representando em suas imagens garotas jovens, bonitas, cariocas, que vão também às praias e usam roupas da moda, porém o foco da coluna era humorístico....

A polêmica das jupe-culottes nas páginas de Fon-Fon

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Capa da revista Fon-Fon , 1911, n.12. A moda foi uma das estratégias de luta encontradas por muitas mulheres para subverter representações/imagens que informavam comportamentos e papéis femininos. Não é à toa que, durante o ano de 1911, o uso das jupe-culottes (saia-calção) causou tanta polêmica, discussões e reações acaloradas nas páginas da revista Fon-Fon. O uso deste traje dividia a opinião pública e foi identificado com a modernidade e com o feminismo. Este último visto como um amontoado de propostas vazias, fruto das “cabeças ocas” das mulheres e sua insana pretensão de igualdade com o sexo masculino. Ao contrário dos vestidos, que salientavam as curvas femininas para o deleite dos observadores e funcionavam como um artifício de sedução, as saias-calção se aproximavam em demasia do vestuário masculino, logo, do domínio do público, pois ligado à eficiência do mundo do trabalho. Seu uso era percebido, portanto, como um primeiro passo, para se assemelhar, de algum modo, às funções e...

Feminino e modernidade na Fon-Fon

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  Fon-Fon, 1911, n.14 A revista Fon-Fon produz o feminino, participando discursivamente da construção do gênero na sociedade carioca da belle époque, ao veicular representações da modernidade atravessadas por imagens e significações do feminino. As capas da revista Fon-Fon são um espaço privilegiado de análise. Nelas, as formas femininas aparecem para deleite dos leitores ou como exemplo de elegância a ser seguido por outras mulheres. Assim, para agradar o público feminino, e, principalmente o masculino, a aparência, a exibição ficaria a cargo das mulheres, enquanto aos homens caberia o espaço público, o mundo do trabalho e da força, reforçando uma ideia de desigualdade entre os sexos, escamoteada em uma suposta complementaridade. Lógica que reafirma a partilha de gênero, ao reiterar papéis atribuídos para cada um dos sexos: a inteligência, a competência, o mundo dos negócios destinados ao masculino; a beleza, emoção e sensibilidade, que se tornam caracterís...

Fon-Fon: “leve e ágil” como a vida moderna

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Capa, revista Fon-Fon , 1912, n. 22. Nesta representação da moderna sociabilidade carioca, homens e mulheres abastados dividem espaço no Teatro Municipal, no Rio de Janeiro.   Em meio a reconfiguração dos hábitos, costumes e espaços no Brasil, engendrada a partir dos novos padrões de “vida moderna” e pelos exemplos europeus, é visível o papel desempenhado pela imprensa nos primeiros anos do século XX. Ela se modificou, acompanhando as mudanças ocasionadas pelas novas tecnologias e pelos novos gostos de seu público leitor, bem como atuou na transformação de comportamentos e leituras de mundo. Vide as revistas ilustradas, publicações deste período, de leitura fácil e agradável, de conteúdo diversificado e que recorriam amplamente às imagens. Ao articularem caricaturas, reportagens e fotografias, estas revistas, também chamadas de “mundanas”, propiciavam seções diversificadas, voltadas cada vez mais ao público feminino, focadas em suas necessidades, na ampliação de seu consumo e com a...

O vestido no MHN: remusealização e classe

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    Vestido de Maria Bonita na exposição Cidadania em Construção. Fonte: Museu Histórico Nacional /Instituto Brasileiro de Museus (Ibram).  Foto de José Caldas O Museu Histórico Nacional é reconhecido por possuir uma boa quantidade de acervo em Indumentária Histórica. Porém, quando um especialista entrou em contato com o museu, nos idos de 1980, informando que o MHN possuía um vestido de Maria Bonita, ele não foi localizado de imediato, pois havia sido selecionado para o descarte. Mas a partir da descrição, dada pelo especialista, foi identificado numa sala em que ficavam outros objetos que iriam ser descartados.  Identificado, foi retirado do status de objeto selecionado para o descarte e remusealizado (conceito proposto pelo Professor Dr. Bruno Brulon) - pois ainda que o vestido não tenha sido descartado, no sentido de não mais estar nas dependências do MHN, além da intenção, houve a determinação dessa escolha pelo museu. Musealizar ou remusealizar são processo...

O vestido de Maria Bonita estava na moda

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  Vestido de Maria Bonita em mesa da Reserva Técnica do MHN - Foto de Bruno Chiossi – 2019 O vestido de Maria Bonita, parte do acerco do Museu Histórico Nacional, se alinha às tendências da moda internacional das décadas de 1920 e 1930, de nítida influência Art Deco e dos movimentos feministas do período dos entreguerras. Essas tendências se pautaram, principalmente, em um padrão geometrizado em termos de formas, como a estrutura evasê das saias e dos ornatos estilizados. Florais ou geométricos, esses ornatos conferiam o toque “feminino”, inclusive pelo uso de cor sobre os fundos cáqui, como podemos perceber nas gregas e nos ziguezagues, além dos elementos estelares, em soutages, nos bolsos do vestido do MHN. A tendência geometrizante da modelagem de corpetes, saias e mangas mais ajustadas e com menos panejamentos conferia mais mobilidade às novas mulheres que surgiam nos anos 20 e 30, principalmente nas cidades, e mais atuante na sociedade, inclusive como força de trabalho. A di...

O vestido musealizado de Maria Bonita tem um zíper

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    Vestido de Maria Bonita em mesa da Reserva Técnica do MHN - Foto de Bruno Chiossi – 2019 O vestido musealizado de Maria Bonita é cáqui, tem soutages vermelhos em zigue zague, costurados por máquina, cujo acabamento é embutido (o que, na costura, é considerado um acabamento refinado), bolsos laterais, é de algodão e sua tecelagem é a sarja - todos elementos que compõem a estética cangaceira. Como se encontra hoje no Museu Histórico Nacional, apresenta remendos, ao que parece, costurados com o mesmo tecido com o qual foi feito. Tem um furo no centro, que não foi recosturado, o que pode indicar a presença de rasgo por arma de fogo, visto que estava com Maria no momento de sua morte. Mas, para comprovar essa hipótese, é preciso ser submetido a exames laboratoriais. Também apresenta manchas que, sem exames apropriados, não há como saber o motivo que as causou ou por quais elementos, sem excluir a possibilidade de serem causadas por sangue. Sobre essas marcas físicas, visí...

Maria Bonita e seus vestidos

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    Maria Bonita posa para uma das fotos que ajudou a popularizar a personagem histórica.  Autor: Benjamin Abrahão  Data: 193 Nascida em 1911, em Malhada da Caiçara/BA, a mais conhecida mulher do Cangaço, Maria Gomes de Oliveira cresceu como Maria de Déa, em referência ao apelido de sua mãe, Maria Joaquina Conceição de Oliveira ou Dona Déa. Mulher, nordestina, sertaneja, como cangaceira levou uma vida nômade, foi perseguida pelas volantes e assassinada, em 1938, no episódio conhecido como Cerco de Angico, em Sergipe. Depois que morreu entrou para a história como Maria Bonita.  Sobre a materialidade que compõe a vestimenta de Maria Bonita, algumas passagens da vida e da morte, e até a construção de memórias da cangaceira, estão ligadas, de diferentes maneiras, aos seus vestidos - nada de extraordinário, se considerarmos que somos uma sociedade vestida, que faz da roupa uma forma de comunicação - que, a propósito, descobre o peito de corpos masculinos, mas...

Petite Wear

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    Você já ouviu falar em Petite Wear? Uma a cada trinta e nove pessoa, afirma que sim - antes desta pesquisa eu certamente estaria entre as trinta e oito. Petite Wear é um segmento de público no qual faz parte pessoas adultas de baixa estatura. Interessei-me em pesquisar sobre, justamente por fazer parte dele. À pequena quantidade de estudos em design de moda voltado a este público, não me permite afirmar entre quais alturas estão às pessoas que fazem parte do segmento - mas seria algo entre 1.40m e 1.60m. Durante boa parte da minha adolescência e início da vida adulta, senti dificuldade em encontrar produtos de vestuário que atendesse a minha estatura corporal; sempre, ou quase sempre, eram necessários ajustes. Nos últimos meses mergulhei em tabelas de medidas na tentativa de entender quem são o público-alvo das indústrias brasileira e, além disso, fazer uma comparação com tabelas de medidas para o público de baixa estatura. Como bem sabemos, a tabela de medidas...

Saias e calções: roupa infantil no século XX

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    Menina e menino. Anuário das Senhoras. Rio de Janeiro: O Malho, 1946 No começo do século XX, se abríssemos o guarda-roupa ou o baú de um menino pequeno, muito provavelmente encontraríamos vestidos. Afinal, nesse período, a principal peça de roupa para bebês e crianças pequenas, independentemente se meninos ou meninas, eram saias e vestidos. Diferente do que ocorre hoje em dia, era impossível identificar o gênero de um bebê somente pela sua indumentária. Até as primeiras décadas do século passado, crianças de modo geral, e bebês especialmente, eram vistos como seres puros e assexuados. Era considerado vulgar ressaltar as especificidades dos gêneros em tão tenra idade.  Com o passar do século XX esse cenário foi se modificando e distinções de gênero começaram a ser introduzidas nas indumentárias  mais cedo. Os meninos passaram a, cada vez mais novos, usarem calções. A feminilidade das meninas também passou a ser mais reforçada, por exemplo, por meio do uso ...

Uma história moral da aparência

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  Maestro de la Virgen de los Reyes Católicos. La Virgen de los Reyes Católicos . 1491-1493. ©Museo Nacional del Prado.   As considerações morais sobre os modos de vestir-se e maquiar-se foram recorrentes ao longo da história. Durante a Idade Média, a aparência de homens e mulheres deveria pautar-se pelos valores cristãos, como a modéstia, a simplicidade e a honestidade. Preocupados com os eventuais danos corporais, temporais e espirituais que as vestimentas e os enfeites pecaminosos – por míngua ou excesso – poderiam trazer à pessoa, à família e à comunidade mais ampla, muitas autoridades castelhanas estabeleceram leis e regras quanto ao modo conveniente, proveitoso e cristão de as pessoas cuidarem de sua aparência. Além de determinar a qualidade e a quantidade das roupas, essas normativas contemplavam desde a difusão de virtudes e a recriminação dos pecados e vícios por meio de admoestações até a imposição de sinais vísiveis nas roupas e de penas pecuniárias, açoites...

O Rasgar da Tecedura Neoclássica por Emma Hart

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    Aquarela de Emma Hart.  REHBERG, Friederich. Too late to see him. 1805. Propondo-nos a estudar como o mundo antigo se encontra nas criações modistas, nós, do grupo Antiga e Conexões, decidimos por começar nossas análises a partir do contexto neoclássico, entre os séculos XVIII e XIX. Afinal, são esses períodos marcados por uma moda receptora de elementos greco-romanos, introduzida no mundo europeu a partir do foco napolitano setecentista - ao que refletimos sobre uma possibilidade de afiliação ao encontro das ruínas de Pompeia em 1748. Assim, encontramos os meios pelos quais a moda neoclássica se fundamenta sob a cultura material, usada como base para suas criações estéticas. Como exemplo, encontramos o uso de colunas no vestuário à la grecque. Logo, a nova moda ganharia expressividade nas chamadas “estátuas viventes”, pessoas que agiam de modo a incorporar na vida cotidiana a indumentária de esculturas clássicas. Porém, vale ressaltar aqui o fato de que, c...

Ciborgue: corpos high-tech na fotografia de moda

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    Helmut Newton: “Machine age”; Vogue , novembro 1995. Modelos deconhecidas e Kristen McMenamy. A mulher artificial, criada pela tecnologia, é um tema recorrente nos escritos e nas imagens de moda, desde o surgimento das modelos no século 19. Com seu modo ensaiado de caminhar, sua feminilidade performática e suas expressões faciais vazias e impessoais, a modelo desde cedo foi comparada com o autômato. Os próprios termos “manequim” e “modelo” (originalmente associado ao protótipo de roupa desfilado) já indicam essa proximidade da mulher com o produto vendido.    Essa associação ganha novos contornos no final do século 20, quando avanços na medicina e na informática se misturam com novas concepções filosóficas do humano e com um repertório de fantasias e temores plasmados na literatura e no cinema de ficção científica em um fenômeno conhecido como “pós-humanismo”. A moda explorou com fascínio a figura do “organismo cibernético”, ou ciborgue: criatura híb...

Cadáver: violência e morte na foto de moda dos anos 1970

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  Chris von Wangenheim; Harper’s Bazaar Italia , 1978. Modelo: Shelley Smith Nos anos 1970, as revistas de moda se enchem de imagens violentas: acidentes de carro, tiroteios, assassinatos. Tudo muito sexy e glamouroso, com maquiagens extravagantes, cabelos impecáveis, brilhos, fendas, decotes, nudez. A “revolução sexual”, a legalização da pornografia nos EUA e o clima de desbunde depois das convulsões sociais dos anos 60 combina-se com um interesse renovado na elegância perigosa dos filmes noir e dos clássicos de Hitchcock, numa mistura explosiva de sofisticação e vulgaridade denominada “pornô-chic”. Sempre controversa, a obra de Guy Bourdin, Helmut Newton e Chris Von Wangenheim, entre outros fotógrafos praticantes do gênero, talvez seja ainda mais chocante nos dias de hoje. Feministas sempre acusaram essas fotos de promoverem a glamourização da morte e da violência contra a mulher. Esses fotógrafos, no entanto, fazem parte do panteão dos criadores de imagens de moda mais f...

Manequim: o corpo surrealista na fotografia de moda

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    Man Ray: “La mode”, 1925 O manequim é uma figura recorrente no surrealismo, presente em pinturas, instalações, poemas e até no Manifesto do Surrealismo (1924) de André Breton. Faz sentido, portanto, que ele apareça com frequência também na fotografia de moda de inspiração surrealista. Isso porque o manequim é um exemplo perfeito do conceito de “beleza convulsiva”: a ideia de que a beleza está presente naquilo que oscila entre a vida e a morte, a estase e o movimento, passado e presente, o orgânico e o inorgânico. Para os surrealistas, belo é aquilo que não tem identidade fixa, que não tem uma forma estável, mas que convulsiona entre diferentes estados de existência. O fascínio da moda com o corpo artificial já estava em evidência na tendência da modelo como estátua, como visto no post anterior. Ao contrário da estátua grega, entretanto, o manequim não conota a eternidade da beleza ideal, nem a imobilidade serena do corpo de pedra. O manequim é feito para ser desmon...

Estátua: classicismo na fotografia de moda

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    George Hoyningen-Huene: “Evening dress by Paquin”; Vogue , 1934. Nos anos 1930, a Vogue aderiu à moda do classicismo, vista principalmente no trabalho de dois fotógrafos: George Hoyningen-Huene e Horst P. Horst. Em suas imagens, geralmente feitas em estúdio, modelos assumem poses de estátua grega entre colunas, urnas e fragmentos de escultura. A frieza e rigidez do mármore casam-se perfeitamente com o glamour gélido e indiferente da modelo, que mesmo diante dos nossos olhos parece habitar um outro universo, mais elegante e rarefeito.  Elas encarnam um ideal abstrato: um corpo padrão, “neutro”, que exclui todos os desvios da norma - branco, magro, sem deficiências. Estátuas gregas têm o rosto sempre igual; nas fotos de Huene e Horst, os rostos são muitas vezes ocultos pela pose (que privilegia as costas), por acessórios (chapéus, véus) ou por sombras, apagando a identidade da modelo, que assim se aproxima da impessoalidade de uma “forma pura”.   ...