Renascimento da tatuagem nos EUA

 

Lyle Tuttle, 1931-2019: See photos of SF tattoo legend from decades past

 Lyle Tuttle trabalhando


A produção e o lugar social da tatuagem contemporânea possuem vínculos relacionados ao contexto dos Estados Unidos, da segunda metade do século XX. É nesse período, marcado por revoluções tecnológicas, sociais, artísticas e culturais, que ocorre o “Renascimento da Tatuagem”. Jovens entusiastas, oriundos de instituições de formação artística, inserem-se no campo da tatuagem, incorporando dinâmicas que acarretaram o desenvolvimento de novos estilos e práticas comerciais. Estes jovens artistas tatuadores foram responsáveis pela definição da criatividade como um novo paradigma para o campo em detrimento das preocupações técnicas que marcavam a produção artesanal anterior. Possuíam grande interesse estético pela produção de tatuagem oriental e da América do Norte nativa. Em meio a interesses pelo misticismo e pelo exótico, os olhares ocidentais também identificavam o refinado processo estético japonês que de forma sofisticada compreendia toda a extensão do corpo como suporte de suas composições indeléveis. Estes aspectos animavam sujeitos como Sailor Jarry, Don Ed Hardy, Lyle Tuttle que, entre outros, foram grandes impulsionadores de novas práticas no campo da tatuagem que acabaram por aproximá-lo da arte. As novas produções passam a chamar atenção da classe média estadunidense, remodelando o gosto antes pautado pelas tatuagens old school que costumavam marcar corpos representativos de frações marginais da sociedade, sendo consideradas folclóricas e pouco requintadas. A prática pautada na criatividade foi ao encontro de um profundo processo de individualização que marca o consumo dessa época evidenciando a estetização do Eu. Cabe destacar ainda a existência de uma grande articulação midiática, uma vez que as tatuagens passaram a habitar corpos de destaque na cultura. Cantores, atores e celebridades expunham seus corpos tatuados que logo serviam de influência para seu público. Foi também durante esse período que publicações especializadas foram lançadas e as primeiras convenções de tatuagem ocorreram.

Por Janilson Lopes, janlopes82

 

Para saber mais:

CAPLAN, Jane (org.), Written on the Body: The Tattoo in European and American History, Princeton, Princeton University Press, 2000.

DEMELLO, Margo, Bodies of Inscription. A Cultural History of the Modern Tattoo Community, Londres, Duke University Press, 2000.

SAD, Breno Bitarello. A tatuagem como processo. Tese de doutorado. Universidade Presbiteriana Mackenzie. São Paulo, 2016.

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