Company: Moda, juventude e esporte nos anos 80


A partir da esquerda, Roberto Valério, Gustavo Kronig e Valdir Vargas. Circa de 1980

Fruto da juventude praiana e descompromissada de Ipanema, o emblemático “C” nas mochilas emborrachadas conquistou todo o Brasil e fez uma geração de jovens se enfileirarem nas portas das lojas e guardarem suas economias para adquirirem uma peça da Company. 

Em 1973, num período de transformações político-sociais e em meio a emergência de várias grifes “descoladas”, Mauro Taubman e seu sócio Luiz de Freitas Machado conquistaram seu espaço no mercado e no coração dos jovens, trazendo não só uma nova proposta de estilo como também uma mudança nos hábitos.

Tendo seu primeiro endereço na rua Garcia D’Àvilla, n° 56, a Company conseguiu atingir diversos segmentos com suas roupas e acessórios de cores vibrantes e qualidade indiscutível. Taubman era a mente criativa da marca e tinha uma grande percepção comercial, fazia viagens internacionais frequentemente em busca de referências para garantir a variedade e novidades constantes para um público que crescia cada vez mais. Uma das ações mais importantes de sua trajetória foi o apoio a competições e esportes como o surf e o skate. Motivado pela amizade com atletas, na época pouco se investia no marketing esportivo, o que alavancou o sucesso da marca.

Tudo que a Company produzia se tornava o que hoje é chamado de “hype”, as pastas de couro escolares foram substituídas por mochilas e as famosas calças “carpinteiro” com sua modelagem larga e cheia de bolsos faziam a cabeça da molecada. Todo esse sucesso somado com o desenvolvimento industrial que se dava no país, culminou numa empresa autossuficiente e com um grande polo industrial só por conta da produção da marca, o que garantia rapidez, qualidade e a possibilidade de uma maior variedade de produtos.

Com seu auge nos anos 80, revolucionou a moda brasileira sem perder a essência de Ipanema. Foi fechada em 2003 após o falecimento de Taubman, deixando depoimentos de saudade e as velhas mochilas emborrachadas (quase) indestrutíveis no fundo dos armários de quem viveu a febre Company.


Por Bárbara Silva Nascimento, @b.arbarasn


Para saber mais:


COMPANY e o C da conquista. Tribuna de Petrópolis, Petrópolis, 19 de jul. de 2020. Disponível em: https://tribunadepetropolis.com.br/noticias/company-e-o-c-da-conquista/. Acesso em: 24 de ago. de 2021.


SILVA, Isis Sena. De boutique em boutique: Ipanema, juventude e moda nos anos 1960 e 1970. 2017. 133 folhas. Dissertação (mestrado acadêmico) - Universidade Federal de Juiz de Fora, Instituto de Artes e Design. Programa de Pós Graduação em Artes, Cultura e Linguagens, 2017.


SERNAGIOTTO, Renata. Boutiques de Ipanema. Revista Digital do IBModa Antenna Web, n. 2, out, 2006. Disponível em: http://www.antennaweb.com.br/edicao2/artigos/artigo2.htm. Acesso em: 24 de ago. de 2021.

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