Moda pelotense: 1980 através de fontes históricas

 

 

Apresento aqui, um recorte da minha pesquisa de dissertação, que encontra-se em andamento pelo PPG em Memória Social e Patrimônio Cultural (UFPEL), financiada pela CAPES.

Nesse recorte me aprofundo sobre o uso de fontes históricas para entender a moda de uma sociedade local. Considerando meu recorte temporal o ano de 1980 e o recorte espacial a cidade de Pelotas.

Para conhecer os modos de vestir de determinada sociedade em um período não vivenciado por mim, decidi recorrer a pesquisa em jornal, utilizando como fonte primária o jornal local Diário Popular, que compartilhava, junto a outros meios da imprensa, um papel importante na veiculação de gostos e modos de vida.

Foram observados as notícias de comportamento e as publicações na coluna de moda.

Considerando que os meses investigados foram: janeiro, abril, setembro e dezembro, a primeira imagem nos possibilita saber sobre os modos de vestir das banhistas. A cidade de Pelotas conta com uma praia de água doce chamada Laranjal, e durante o ano estudado, identificou-se um grande fluxo de banhistas locais e também de turistas de estados e países fronteiriços.

É possível perceber que, por mais que as banhistas da praia do sul ainda não estivessem adeptas ao topless como em outras regiões do país, elas encontraram outras formas de atualizar seus trajes de banho. Os biquínis estavam diminuindo, principalmente a parte inferior, então havia, mesmo que de forma sutil, certos ares de liberdade que as garotas acabaram expressando de outra forma que não era o topless, mas sim através do tamanho dos trajes.

Já na coluna de moda “Feminina”, onde era o ponto de referências às leitoras que se interessavam por moda, era comum encontrar informações sobre saúde, economia doméstica e cuidados com os filhos, visto que, por mais que nesse período a mulher estivesse se firmando no mercado de trabalho, ainda mais a mulher casada e com filhos, ela ainda tinha todas as obrigações com o lar e a família.

Fazendo lembrar os estudos de Perrot a respeito desse dever de cuidar da casa e da família, independente da sua situação profissional.

 Por Laiana Silveira, @lanahsilveira @statusmestranda


Para saber mais:

CAPELATO, Maria Helena Rolim. Os jornais enquanto fonte de pesquisa: possibilidades de estudo a respeito do município de Uberaba/MG. In: XX Encontro Regional de História - História em tempos de crise. Uberaba, 2016. 

BRUSCHINI, C. O trabalho da mulher brasileira nas décadas recentes. Revista Estudos Feministas, n. e. 2, p. 179-200, 1994.

HOFFMANN, R.; LEONE, E. T. Participação da mulher no mercado de trabalho e desigualdade da renda domiciliar per capita no Brasil: 1981-2002. Nova economia, v. 14, n. 2, p. 35-58, 2004.

MARTINS, Luis Carlos dos Passos. História dos conceitos e conceitos na história: a imprensa como fonte/objeto da história conceitual do político. In: DOMINGOS, Charles S.M.; BASTITELLA, Alessandro; ANGELI, Douglas S.(orgs.). Capítulos de História Política. São Leopoldo: OIKOS, 2018.

PERROT, Michelle. Minha história das mulheres. 2ª ed. São Paulo: Contexto, 2019.

SOUSA, A. G.; PINTO, A. A. As mulheres nas páginas da imprensa de Rondonópolis/MT: um estudo sobre representações e papéis sociais na década de 1980. História em reflexão, v. 11, n. 22, p. 49-67, 2017.

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