Moda, cultura e identidade no Renascimento do Harlem

 

Crianças negras brincando nas ruas do Harlem na década de 1920


Você sabe o que foi o Renascimento do Harlem e o que esse movimento tem a ver com a moda?

No início do século XX milhares de afro-americanos migraram do sul dos Estados Unidos, onde as leis segregacionistas impediam que vivessem plenamente sua liberdade conquistada, para o norte do país. A cidade de Nova Iorque era um dos destinos mais populares escolhidos por esses migrantes negros que se estabeleceram no bairro do Harlem. No Harlem uma população diversa, que incluía trabalhadores não qualificados e uma classe média educada, compartilhava experiências comuns de escravidão, emancipação e opressão racial. A convivência de diferentes mentes criativas proporcionou o surgimento do Renascimento do Harlem (Harlem Renaissance), um movimento que defendia a autodeterminação dos negros e abria espaço para que as histórias, desejos e aspirações destes fossem expostas no meio artístico. Na música, o jazz e o swing embalavam as noites do bairro. A moda no Harlem da década de 1920 era usada para transmitir elegância e extravagância. Os homens usavam ternos soltos com calças mais frouxas, abandonaram os coletes e o lenço no bolso do paletó, também amplo, era indispensável. As mulheres se livravam definitivamente do visual vitoriano de espartilhos e saias longas e adotavam saias curtas, meias de seda e vestidos de cintura baixa. A bailarina negra Josephine Baker é um dos ícones do período com seus cabelos curtos e trajes que apostavam no brilho e na sensualidade. No auge do movimento, durante a década de 1920, o Harlem se tornou o centro da cultura estadunidense. Havia no bairro editoras e jornais de propriedade e administração de afro-americanos além de casas noturnas, teatros e cabarés. A literatura, a música e a moda que eles criaram definiram padrões nos Estados Unidos e em todo mundo.

 Por Deyse Almeida, @deysianne1


Para saber mais:

TULLOCH, Carol. The birth of cool: style narratives of the African diaspora. London: Bloomsbury Publishing, 2016.

WHITE, Shane; WHITE, Graham. Stylin: African-American expressive culture from its beginnings to the zoot suit. NewYork: Cornell University Press, 1998.

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