Desfile ou Teatro?
Alexander McQueen fall 1998 collection “Joan”
Nascido nos conjuntos habitacionais de Londres, Lee Alexander McQueen rapidamente ganhou notoriedade como o Enfant Terrible da moda britânica devido às suas inspirações transgressoras e obsessão pelo conceito vitoriano. Tendo como objetivo marcar o espectador, seja por meio do fascínio, seja pelo asco, com sua forte personalidade enraizada no planejamento de cada peça.
Após alguns anos de aprendizado e aperfeiçoamento técnico na Savile Row, McQueen começou a trabalhar na produção de figurinos para peças teatrais como "Os Miseráveis" e "Miss Saigon". Essa experiência no mundo das artes cênicas inspirou o estilista a criar coleções eletrizantes, com uma forte teatralidade e narrativas detalhadas. Ele criou desfiles intertextuais com atmosferas que geravam diferentes sensações, atraindo a atenção da mídia e gerando opiniões divergentes a cada nova temporada. Sempre buscando tensionar os limites entre moda e arte, produzindo grandes espetáculos vestíveis e transformando as modelos em personagens coreografadas, sua passarela se transformava em um cenário intenso, utilizando efeitos sonoros e visuais.
Descrito como perturbador e repulsivo, o recém formado estilista da Saint Martins inicia sua carreira causando grande impacto na British Fashion Week com o desfile de conclusão de curso intitulado "Highland Rape", seu trabalho foi descrito como perturbador e repulsivo. Acusado pelos jornais e revistas de moda de odiar as mulheres por retratá-las no papel vítimas da guerra entre Escócia e Inglaterra, McQueen apresentou modelagens rasgadas e tecidos manchados, que combinadas com a alfaiataria de Savile Row configuravam roupas não produzíveis, costuradas apenas para uma experimentação estética.
Explorando também coleções com temas em alta nos anos 90, como morte, violência e traumas de infância, o Enfant Terrible fez com que a alta moda absorvesse e capitalizasse o underground. Com isso, conseguiu produzir coleções únicas, trazendo para a passarela um discurso carregado
Por Letícia Calvano Teixeira, @leticia_calvanoteixeira
Para Saber mais:
Callahan, Maureen. Champanhe Supernovas: Kate Moss, Marc Jacobs, Alexander McQueen e os rebeldes dos anos 1990 que reinventaram a moda. 1º Edição. Fábrica231: 10 agosto 2015, Brasil
Knox, Kristin. Alexander McQueen: Genius of a generation. 1º Edição. A & C Black: 2010, Londres.
Figueredo, Henrique Grimaldi. Entre padrões de estetização e tipologias econômicas: a economia estética na moda contemporânea a partir da passarela de Alexander McQueen (1992-2010). Dissertação de mestrado em Artes, Cultura e Linguagens. UFJF, 2018.
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