Anitta no AMA 2022

 

 

Neste domingo a cantora Anitta usou uma peça histórica ao receber o prêmio de Melhor Artista Feminina Latina no American Music Awards 2022. Um corpete criado por Issey Miyake moldado em plástico em um torso feminino com umbigo e mamilos criando uma impressão de segunda pele com um tipo de peplum curto sobre os quadris. É uma peça atípica para quem lembra dos plissados do icônico estilista japonês, mas fez parte da coleção outono/inverno 1980/81, e foi exibido na exposição Issey Miyake Spectacle: Bodyworks, que percorreu EUA, Japão e Inglaterra de 1983 a 1985. Esse corset já apontava a vontade de Miyake de experimentar a relação entre roupas e corpo com materiais pouco ortodoxos ao vestuário. Hoje pertence aos acervos dos principais museus, o Victoria and Albert tem um verde, o The MET e o The Museum at F.I.T tem vermelhos. O da Anitta não estava em nenhum museu, mas da loja Pechuga Vintage de Los Angeles. A peça faz parte também do figurino de um ícone pop, Grace Jones aparece numa de suas fotos criadas por Jean-Paul Goude nos anos 1980 com um azul. Outro look bastante comentado usado por Anitta no evento foi o conjunto saia longa e cropped de mangas compridas da Mugler feito para ela inspirado num dos figurinos usados por Carmen Miranda no filme ‘Uma noite no Rio’, de 1941, na qual canta “Cai, cai”, “eu não vou te levantar”. O traje, que difere dos usuais coloridos de Carmen, é composto por uma saia preta de paetê com uma blusa e turbante brancos, foi criado por Travis Banton, um dos grandes figurinistas da Era de Ouro de Hollywood. E assim, a brasileira Anitta constrói sua imagem no mundo a partir de múltiplas referências.

Por Flávio Bragança, @flaviobraganca


Para saber mais:

BARSANTE, Cássio Emanuel. Carmen Miranda. Rio de Janeiro: Ed. Europa, 1985.

BÉNAÏM, Laurence. Issey Miyake. Coleção Universo da Moda. São Paulo, Cosac & Naify Edições, 1999. 

STEELE, Valerie. Fifty Years of Fashion: New Look to now. New Haven, Connecticut, EUA: Yale University Press, 1997.

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