A simbologia das vestimentas dos gladiadores

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 Luta de Gladiadores – Mosaico de Zliten (norte da África), cerca de 200 AD


Roupas e acessórios romanos dificilmente chegam até nós, pois como tecido e couro é perecível, dificilmente resistem ao tempo. Há algumas poucas exceções que chegaram até nós como as sandálias de couro dos soldados do forte de Vindolanda, próximo à muralha de Adriano, preservadas pela umidade do solo pantanoso. Ou jóias, claro, por serem de metais e pedras preciosas, mas neste segundo caso, só teríamos acesso aquilo que pertenceu às elites. Assim, para estudar as vestes romanas de forma mais abrangente, temos que ser criativos e recorrer às descrições literárias ou a cultura material – pinturas, esculturas, mosaicos, arte tumular. 

Quando estava fazendo minha pesquisa sobre os gladiadores, me deparei com um conjunto de lápides interessantes, dos escravos ou libertos responsáveis por cuidar das vestimentas dos gladiadores. Vejamos um exemplo: 

Idumaeo

escravo de Tibério César

responsável pelas vestimentas dos gladiadores 

Materno      

Isso significa que Materno dedicou uma lápide ao falecido amigo Idumaeo, um escravo imperial responsável pelas vestimentas dos gladiadores da época de Tibério (entre 14 e 37 d.C.). Como há várias dessas lápides com diferentes dizeres, sabemos, então, de alguns aspectos do funcionamento das arenas, em especial sobre aqueles que cuidavam das vestes e armas. Como os gladiadores eram classificados pelas suas vestimentas e armas, manter tudo organizado era fundamental para uma boa luta. Com relação a forma de vestir, além das fontes indiretas mencionadas, Pompeia é importante. Lá, apesar da tragédia do Vesúvio, resistiram à erupção capacetes, escudos, proteção de perna e braço e armas. Com isso sabemos que parte de sua vestimenta era rica em símbolos religiosos e apotropaicos para protegê-los nas lutas. Medusa, por exemplo, sempre estava em escudos para aterrorizar o inimigo e proteger quem o empunhava, além de elementos da Natureza. Afastar o perigo da morte e chamar a sorte era fundamental nestas lutas e as vestimentas seguramente desempenhavam um papel importante nas arenas!

Por Renata Senna Garraffoni; @resenna93


Para saber mais:

ALMEIDA, L.S. O significado político dos espetáculos oficiais na Roma imperial, Dissertação de mestrado orientada pela profa Dra Maria L. Corassin e apresentada a FFLCH, USP/SP, 1994.

CLAVEL-LÈVÊQUE, M. L’Empire en jeux – espace symbolique et pratique sociale dans le monde Romain, Paris: Editions du Centre Nacional de la Recherce Scientifique, 1984.

GARRAFFONI, R.S. Gadiadores na Roma Antiga: dos combates às paixões cotidianas – 2ª edição ampliada e revista, Curitiba: Editora da UFPR, 2021.

LA REGINA, A. Sangue e arena, Roma: Electa, 2001.

SABBATINI TUMOLESI, P.L. Epigrafia anfiteatrali dell’Occidente Romano I - Roma, Roma: Edizioni Quasar, 1988.

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