A criação de Passarela e o desejo da mulher moderna pt.2
“Elas vão ao casamento” Jornal do Brasil, 09/04/1963, Caderno B, Passarela, p.6
Continuando a série sobre Gilda Chataignier, esse post tratará um pouco do que foi a coluna feminina Passarela, assinada por ela durante 7 anos. Lançada no dia 18 de setembro de 1962 no Caderno B do Jornal do Brasil, a sessão de moda e assuntos femininos, prometia informar as suas leitoras tudo o que fosse novidade na área de moda.
Na coluna, de publicação praticamente diária, a jornalista levava para suas leitoras matérias relacionadas às novidades da moda daquela época. De início, a jornalista passou a divulgar tudo o que tinha um viés europeu ou norte-americano, uma vez que as produções de moda desses lugares denotavam autoridade e prestígio. Era possível observar a presença do apelo internacional nos produtos de perfumaria, nas roupas e nos acessórios que eram divulgados, assim como nas dicas de como as leitoras deveriam se vestir ou se comportar. Essa estratégia, possivelmente dialogava com seu público-alvo, as mulheres letradas de classes altas e das elites, detentora, idealmente moradoras da Zona Sul da cidade, dotadas de do “bom-gosto” e da “elegância”, eram consideradas “modernas” mesmo tendo obrigações dentro e fora do âmbito.
O Rio de Janeiro da época funcionava como janela para o estrangeiro e porta de entrada das novidades que aconteciam dentro e fora do país. Neste contexto, o bairro de Ipanema que no período era considerado um espaço cosmopolita e no qual se concentrava a vida cultural da cidade, funcionava como ponto de encontro de músicos, literatos, arquitetos, cartunistas, intelectuais, universitários e as principais lojas de moda. O que se propagava era que os ipanemenses tinha uma necessidade pelo novo e pelas expressões artísticas, culturais e comportamentais. Essa Ipanema idílica e idealizada por tantos artistas e frequentadores também chamou a atenção da jovem Gilda que definiu que ali seria sua força inspiradora para escrever em Passarela sobre as novidades que circulavam no Rio de Janeiro.
Por Juliana Assis, @juliana.assisb
Para saber mais:
BERNARDO, Juliana de Assis. Desvendando a imprensa feminina da década de 1960: Passarela e a construção da mulher moderna. In: ANPUH-RS, 16, 2022, Rio Grande do Sul. Anais Eletrônicos [...] Rio Grande do Sul: Porto Alegre, 2022.
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