A criação de Passarela e o desejo da mulher moderna pt. 1

 

 Gilda Chataignier por João Cordeiro Junior


Quem foi Gilda Chataignier? Qual sua importância para a moda? Como foi sua atuação no Jornal do Brasil? De onde surgiu a ideia de criar uma coluna de moda chamada Passarela? Essas perguntas serão respondidas ao longo de uma série de três posts sobre essa personalidade que fez parte da História da Moda Brasileira. 

Escritora e autora de vários livros voltados para a moda como “História da Moda no Brasil”, “50 anos é o máximo” e “Fio a Fio: tecidos, moda e linguagem”, Gilda Maria Carôllo Chataignier nascida no Rio de Janeiro por volta do início dos anos de 1940 e falecida em novembro de 2019, possuía uma relação com a moda que era de família já que era oriunda de uma das famílias que administravam a Fábrica Brasil Industrial, uma das primeiras fábricas de tecidos do Rio de Janeiro, localizada no Paracambi. Falava que foi “criada cercada de paninhos”, seja pelo avô Carlos que era desenhista e a “presenteava com cartelas de tecidos de sua fábrica (...) com as quais eu fazia roupas de boneca cheias de fru-frus", seja pela influência da sua avó Laura que a ensinava “todas as palavras da moda” e “que tirava do armário latinhas encantadas cheias de rendas e fitas, mostrava suas jóias art-nouveau e contava casos de leques e prendas, bailes e cerimônias, da época da inocência”. Quando ainda estudante em comunicação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro — UFRJ — (1961-1964) conseguiu um estágio no jornal Diário de Notícias e depois de um tempo na redação do jornal e por ser uma das poucas mulheres a trabalhar na redação, foi descoberta por D. Ondina Portella Ribeiro Dantas, viúva de Orlando Ribeiro Dantas e proprietária do Diário na época, para trabalhar na Revista Feminina, onde conseguiu certa independência para produzir pautas. 

No ano de 1960, o Jornal do Brasil estava passando por várias modificações no quadro de funcionários e de ordem técnica que perdurou até os anos 2000. Assim, em 1962, Alberto Dines, planejando remodelar o espaço da moda, chamou Chataignier, ainda estudante do curso de comunicação, para criar uma coluna feminina no Caderno B, que foi batizada de Passarela.

Por Juliana Assis, @juliana.assisb


Para saber mais:

BERNARDO, Juliana de Assis. Desvendando a imprensa feminina da década de 1960: Passarela e a construção da mulher moderna. In: ANPUH-RS, 16, 2022, Rio Grande do Sul. Anais Eletrônicos [...] Rio Grande do Sul: Porto Alegre, 2022.

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