E se fossemos Mena Fiala?
Foto de Mena Fiala com uma de suas criações, por Marco Antonio Rezende em 1995
Em 1962, Alceu Penna redigiu um artigo para a revista "O Cruzeiro" intitulado "Se você fosse D. Mena Fiala, qual chapéu indicaria?". O intuito da publicação era questionar suas leitoras sobre seus conhecimentos de moda, através da escolha do chapéu mais adequado para combinar com o tailleur branco ilustrado por Penna. Contudo, o grande destaque da redação é a estilista Mena Fiala, denotando o quão imprescindível é recordar o impacto de seu nome para a moda brasileira.
Philomena Pagani Selleri, como era conhecida quando solteira, nasceu em Petrópolis em 1908. Desde muito jovem teve contato direto com experiências de corte e costura, chapelaria e bordado, influenciada principalmente por modistas da elite do Rio de Janeiro, como Marietta Pongetti e as irmãs Falconi. Em 1928, Mena se casou com o austríaco Anton Fiala, e juntos se mudaram para o Rio de Janeiro. Após a mudança, a estilista se uniu à irmã, Cândida Gluzman, para que em parceria abrissem uma chapelaria. Sem demora, atingiram certo sucesso na cidade, atendendo as mulheres da alta sociedade carioca.
Em 1934, ao perceber o crescimento gradativo das irmãs na indústria da moda, Jacob Pelicks, o então proprietário da Casa Canadá, sugeriu que ambas assumissem a seção de roupas da sua nova butique. A partir disso, Mena passou a encabeçar a administração e a criação da Casa Canadá, ficando responsável por conduzir a moda nacional à uma nova forma de produção.
Uma de suas grandes contribuições foi a iniciativa de exibir ao vivo as peças confeccionadas. De forma significativa, deu-se início aos primeiros desfiles que apresentavam tendências à imprensa e ao público brasileiro, cujo resultado eram verdadeiros eventos sociais. A dimensão expandiu-se de tal forma que a Casa Canadá passou a intervir na criação do concurso Miss Brasil.
Por mais que não tenha proposto uma moda de vanguarda, Mena Fiala destaca-se como uma figura central na moda brasileira. Ao valorizar a essência das roupas e trabalhar com meticulosa precisão, permite-se entender a razão pela qual recebeu tamanha homenagem de Alceu Penna.
Por Laura Montesso, @auramontesso
Para saber mais:
OLIVEIRA, Cláudia de : Moda, arte e sociedade: O pioneirismo da maison Canadá-de-Luxe e a emergência da indústria fashion brasileira nos anos 1950, 2014
BOSCATIOL, Mariana : Quem foi Mena Fiala? A história da promotora dos desfiles de manequins no Brasil, atualizada em 6/24/2021
CARVALHO, Ana Paula Lima de : A moda do prêt à porter dos anos cinquenta: permanências e mudanças culturais. Disponível em: https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/vozesemdialogo/article/viewFile/931/863, 2009
SOUZA, Larissa Lima de : A Cópia no Universo da Moda. Disponível em: http://www.ibmodaonline.com.br/marketing/TRABALHOS/04_%20A%20COPIA%20NO%20UNIVERSO%20DA%20MODA.pdf
PORTINARI, Denise; SEIXAS, Cristina : A questão da cópia e da interpretação, no contexto do processo da produção de moda da Casa Canadá, no Rio de Janeiro da década de 50. Disponível em: http://citrus.uspnet.usp.br/estetica/index.php/anteriores/79-revista-2/11-2009-2-art3, 2009
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